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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Um dia na praia...

Passando o fim de semana no Morro de São Paulo, eu me dei conta da economia turística lá e me lembrei que eu queria fazer alguns comentários sobre a economia da praia aqui em Salvador. Como eu sou de uma cidade (Filadélfia) que não tem praia, eu só conheço a praia americana de longe. Embora tivesse ido a praia em Nova Jersey não mais que cinco vezes na minha vida, eu sei que o espaço comercial lá e o Boardwalk, a calçada feita de madeira ao lado da areia, onde tem hotéis, restaurantes, lojas que vendem lembranças, a parque de diversão, e minha lugar preferida, a fliperama. Quando eu cheguei aqui em Salvador, eu fiquei fascinada com a diferença entre o comércio da praia brasileira e o das praias que eu conheci nos EUA.

Primeiro, sem o Boardwalk como espaço comercial, os vendedores levam todos os seus produtos nas costas pela areia e andam de um lado ao outro, tentando vender suas mercadorias. Eles geralmente reconhecem os gringos de longe e muitos sabem falar pelo menos o nome do seu produto em inglês. Quase todos os vendedores são simpáticos (quem quer perder clientes?) mas alguns também são tão agressivos até que você pode se convencer que está precisando de alguma coisa que nem poderia usar na praia.

Eles têm de tudo! Têm pulseiras tecidas, biquínis de coco, chapéus de folha de palmeira, brincos, colares de contas de vários tamanhos e cores, DVDs e CDs pirateados, redes de descanso, vestidos e muito mais. Têm coisas que você pode precisar na praia como protetor solar, bronzeador, creme para oxigenação do cabelo, óculos de sol, e cangas. Têm também coisas que eu nem podia imaginar encontrar na praia como tatuagens de henna, consultação de tarô, livros de segunda mão, quadros pintados, e manicures. As únicas coisas que você não pode vender na praia são a areia e o mar.

Pode ser velho ou ainda criança, tem vendedores de todo tipo, inclusive eu! Inspirada pela manicurista eu já fiz meu próprio trabalho lá, enrolando o cabelo rasta de um amigo meu, depois do qual eu ganhei o interesse de mais três clientes. Eu nunca imaginei abrir um salão de beleza, contudo na praia, até eu cheguei aqui.

Mas os vendedores de roupa e os artesanatos não são os únicos trabalhadores da praia, também tem os caras que aluguem cadeiras e sombreiros enquanto vendendo bebidas. Embora a prática de alugar cadeiras seja ilegal, como eu li nesse artigo, é muito comum, particularmente no Porto da Barra. Tem vários grupos (devem ser chamados empresas pequenas) competindo alugar espaço na areia e cada um tem seus clientes fiéis, que ficam na mesma parte da praia cada vez que visitam.

Além de tudo, os vendedores dos quais eu gosto mais são os que vendem merendas. Embora eu goste de merendar, eu prefiro eles mais por causa do seu jeito de chamar a atenção dos consumidores. Cada um tem um anúncio reconhecível. Por exemplo, o velho que vende picolé tem um assobio que você pode ouvir de longe. O cara que vende limonada sempre fala, “O limão chegou! Limonada!” Finalmente, ninguém pode esquecer dos vários gritos de "Queijo!!" ou da música dos vendedores de Camarão do João com sua repetição de camarão e João em várias frases. Não dá muito para relaxar na praia assim com tantas vendas, mas para mim, não é um problema porque eu gosto mais de socializar e observar as pessoas e suas interações.

Foi pelas minhas observações que eu descobri que ainda tinha outras pessoas trabalhando na praia sem parecer trabalhar. Tem guias turísticas fazendo amizades com gringos, oferecendo levá-los aos lugares bons da cidade. Tem prostitutas. Tem “caçadores” que vivem namorando gringas. Tem alguns capoeiristas que treinam e dão aula na praia e outros que dão saltos espectaculares para chamar a atenção dos gringos que podem levá-los fora do país para fazer apresentações. Tem pessoas que trabalham só pela conversa. Tem pessoas fazendo propaganda para boates e restaurantes, que convidam os turistas às festas. Tem outras que falam de apartamentos vazios ou que recomendam pousadas boas. Todo isso é trabalho que acontece na praia.

E no final do dia, depois de aplaudir o sol, você pode ver os pescadores. Pode ver pessoas que recolhem latas e garrafas, outras que colocam o lixo nas lixeiras, e outras que esvaziam as lixeiras. Tem varredores que tiram a areia da calçada à noite e outros que lavam as escadas de manha cedo. E daí tudo se repete de novo.

Um comentário:

luis disse...

A primeira vez foi ao Rio de Janeiro em uma tentativa de sentir a água de mar, na verdade não tive a mesma sorte que você em São Paulo, porque depois de oito dias lá, não pude conhecer os lugares turísticos de Rio. Foram oito dias de chuva e frio. Com minha família esperamos em três meses assistir ao carnaval maior do Brasil, porque e o único carnaval na América do Sul com uma verdadeira dança. Agora que sei algumas palavras do Português posso escrever durante meu tempo livre minhas experiências como estrangeiro.
Aluno. LUIS GUIO