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quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O meu mapa afetivo de Salvador

Queria falar de Salvador através das minhas excursões em ônibus ( que são uma maravilha ) porque eu, por a minha condição de estrangeira, tenho de ir habitualmente para alguns lugares como à Receita Federal, que agora fica no aeroporto, e como o Consulado da Itália, em Aflitos, perto do Campo Grande.
Para ir à Receita Federal pego o ônibus "Aeroporto" que vai até Itapuã, passando pela Orla, que eu adoro, porque adoro o mar.
Na Itália eu moro numa ilha e perto da minha cidade tem oito quilómetros de praias, mas elas não pertecem à cidade, porém ficam ao lado.
Aqui é diferente, porque antes havia a natureza: o mar cheio de peixes, a mata atlántica, os animais da floresta.
Agora não sobra nada daquele mundo, só os nomes: Pituba ( o grande camarão ) Jaguaribe ( água dos jaguares ), lembranças de lugares salvagens, povoados pelos índios e pelos animais. Agora eu olho os aranhaceus de Pituba e as casas residenciais de Jaguaribe e penso que, embora ficando con medo, preferiria ver os jaguares.
O único bairro do qual eu gosto de verdade é o Rio Vermelho, muito interessante, porque se podem observar claramente os dois níveis da história da comunidade: a parte burgueza com os casarões decorados de ornamentos frorais, os jardins particulares e todo um aspecto que remonta ao início do século xx; e a parte popular, com as barcas e as rêdes dos pescadores.
Em cima de tudo, vigia a estatua de Yemanjá em forma de sereia, como para lembrar a todos que o povo do Rio Vermelho pertence ao mar.
Um caminho bem diferente que tenho de fazer várias vezes para ir à Casa da Itália é a rua 7 de Setembro, até Barris.
Pego o ônibus "Praça da Sé/Vitoria" que passa pela Oceânica e pela Ladeira da Barra.
O panorama da Oceânica, entre o Morro de Cristo (com seus coqueiros) e o Farol da Barra, é maravilhoso.
De manhã o de tarde sempre está cheio de gente: as praias de meninos brincando com as ondas ou treinando surf, a rua de pessoas que correm para emagrecer e ficar numa boa forma física.
A calçada entre o Farol e o Porto sempre está ocupadas pelos vendedores de objetos artesanais de todo tipo (joyas, instrumentos musicais, plumas de papagayo), camisas e vestidos, comida e bebida.
Depois o ônibus sobe pela Ladeira da Barra, passando em frente do Forte de S. António e do Yatch Club, e se pode curtir uma vista estupenda: o mar, a ilha de Itaparica, os barcos pintados de branco balançando sobre a superficie do mar.
Ao final da ladeira o ônibus entra no Corredor da Vitória, a minha rua preferida porque tem uma manga gigante, uma árvore única em Salvador: cresceu tanto que entrou no muro!
No Corredor da Vitória também ficam antigas vilas agora convertidas em museos ou em residências estudiantis, muitos prédios antigos e lindos, mas, sobretudo, árvores antigas e lindas.
Só tem uma coisa da qual eu não gosto muito: uma aparência rica e aristocrática que eu acho bastante antipatica.
Porém o final da viagem, pra mim, é muito mais alegre e simpático: a rua da Piedade com suas lojas baratas onde se pode encontrar tudo e os assistentes de venta que procuram convencerte de que você precisa de tudo.
Eu acho que descer do ônibus, entrar nas lojas, dar uma olhadina, falar com a gente que vende
é como fazer uma segunda viagem, tal vez mais interessante que a verdadeira.
Mas o meu relato não seria completo sem falar dos vendedores ambulantes nos ônibus.
Eu acho que pude perceber o significado autêntico do trabalho pesado vindo como eles agem e escutando as suas histórias.
Eles são incansaveis: sobem e descem sem parar um momento, sempre carregando a mercadoria que muitas vezes parece ser pesada.
Falam muito, entram em contacto com os passageiros, contam histórias pessoais, promocionando os seus produtos como se fossem produtos de grandes firmas, porém na verdade é mercadoria pobre.
É preciso ter muita criadividade e muita coragem para passar assím o dia todo e eu os admiro muito por isso.
As minhas excursões por Salvador terminan aqui.
Esperemos ter outra oportunidade para falar mais, tal vez sobre diferentes lugares de Salvador que ainda eu não conheço bem e que espero conhecer no futuro
Um beijo
Paola

Um comentário:

Luana Marinho Nogueira disse...

Que legal essa visão,
perspectiva da cidade
através da lente de
um estrangeiro!

Td parece tão mágico,
a cidade q vai se mostrando,
revelando suas facetas...

Bonito de ver! rs