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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Turistas em Salvador

Na passada semana aconteceu algo pra mim insólito: ver o comportamento de um turista em Salvador. Eu moro aqui há dois annos e acho que o meu olhar está compenetrado de baianidade, mas tive a oportunidade de experimentar o olhar turístico e eurocéntrico através o comportamento de uma amiga que veio a visitar-me e que acompanhei nas voltas que ela deu pela cidade.
Como primeira coisa eu pude perceber que todos os turistas são iguais, procurando os mesmos lugares e as mesmas experiências: as Praias, Pelourinho, as caipirinhas na Cantina da Lua e a capoeira da escola do Mestre Bimba e só gostam das excursões organizadas.
Por exemplo: têm muitos ônibus fazendo o trecho Salvador-Itapuã, com um custo de dois reais, mas o verdadeiro turista prefere pegar o ônibus turístico e pagar muito, muito mais.
Sempre ele fica encantado: "Que lindas praias! Que sol! Que paisagem!"
Não percebe que os ônibus urbanos viajam ao lado do seu e que a paisagem seria a mesma?
O verdadeiro turista não gosta de visitar muitas igrejas ou museos no Pelourinho, porque acha que são todos iguais, mas gosta muito de entrar e ficar horas nas lojas de souvenir que, todo mundo sabe, têm a única função de roubar, oferecendo a mesma mercadoria que oferecem os vendedores de rua ao dobro ou ao triplo do preço.
Mas os turistas gostam de ser roubados pelos lojistas e não pelos vendedores de rua: com os primeiros compram sem discutir, porém com os segundos se comprometem em debates que ném a cumbre mundial de G20
E pra que? Pra não gastar um punho de reais que quase não têm valor em euros.
A verdade é que não querem nem perceber a existência de problemas.
Quando a pobreza, representada pelos meninos do Pelô e pelos vendedores de colares, se aproxima a eles, reagem como quem dissesse:
"Por que você não segue sendo invisível? Não sabe você que os meus olhos só querem ver coisas bonitas?"
Não sei, espero não ser muito pessimista mas è mesmo a impressão que eu recebo muitas e muitas vezes.
Um saludo de esperança pra que as coisas e as pessoas melhorem
Paola

Um comentário:

Teacher Greci disse...

Olá, Paola.
É muito interessante ver a visao de uma estrangeira (meio baiana) sobre os turistas estrangeiros. Sobre o ultimo parágrafo: Voce nao acha que eles tem medo? Por isso ignoram os meninos do Pelo e os vendedores de colar? E voce? O que voce fala para uma amiga estrangeira que te visita? Fala para ela tomar cuidado com a camera, com a bolsa? Porque infelizmente onde há pobreza, há violencia, nao é?
Bem, gostei muito do seu relato! E me desculpe pela falta de acentuacao, meu teclado é alemao..hehe..Beijos, Greci