A raça, a política, e a sexualidade são temas bem complexos. Mais do qualquer outro lugar que visitei, observo aqui que o Brasil não se deixa levar à hegemonia. Por todas as partes vejo a expressão queer que faz justaposição desses três temas. Desde que eu cheguei a Salvador, ou pensando bem, pode ser até antes de eu tenha vindo para aqui que comecei a ter uma noção da cultura queer presente no cotidiano brasileiro. Não é que me considero experta no tema nem nada ao estilo. Na verdade, tudo começou pouco tempo atrás com a leitura de um artigo sobre a raça no Brasil. Nesse artigo, segundo o censo do 1980, contaram 136 definições diferentes da raça. Após ter lido esse reportagem, despertou uma curiosidade sobre o tema, um fome em mim para explorá-lo mais. Agora, depois de ter quatro meses de experiencia aqui, cada vez mais acredito que minha primeira impressão está se tornando válida enquanto difícil é de explicar e entender o Brasil. Só posso dizer que observo que o Brasil põe em prática o que os EUA produzem na teoria. O Brasil é queer e é assim sem presicar de esse rótulo.
Sem ir longe demais, queria só propor a idéia de que a sociedade brasileira tem aspectos inerentes que refletem as propostas da teoria queer. Como vim para estudar na Bahia, a primeira coisa que estudei no sentido acadêmico foi a questão das raças. Na Bahia, a raça não é classificável em categorias fixas de branco e preto. Além da raça, a política também tem cara de queer—agora literal e explictamente com a eleição da Leo Cret. Também, no sentido geral, existem partidos políticos suficientes para cada cidadão (quase) ser representado por seu própio partido. Nada é fixo; nem os partidos, nem os políticos, nem as pessoas que votam. Tudo está disposto à mudança constante. Os candidatos trocam de partido emquanto for preciso e o público não se proclama membro de nenhum partido político. É um processo muito individual, baseado nas propostas e discurso do candidato mesmo. A sexaulidade, especialmente exposta à vista comum na época do Carnaval, não é atada a definição fixa. Tenho ouvido muito (porque ainda não o conheço) que no carnaval as pessoas se comportam diferente, que as fronteiras de relações interpersoais ficam problematizados pelo menos por essa semana no final de fevereiro. As pessoas saem nas ruas e se sentem livres para se vestir e se compor como quiserem—ou seja, a sociedade lhes dá a oportunidade de se expressar com uma fluidez sem terem conseqüencias sociais prejudicias. Na superfície, não há barreiras de sexualidades nem definições de diferentes gênero nem de classe nem raça e tudo isso é político.
Mas...será que posso fazer a conexão entre essas observações como manifestaççoes da teoria queer? De acordo com as categorias predeterminantes, eu sou estadunidense, sou de classe média e educada, eu sou branca. Nesse mundo globalizado, na prática nada é tão simples. Porém, realmente posso vir e dizer que o Brasil é queer sem impor o meu olhar "dominante" sobre a cultura brasileira que só estou começando a conhecer? Não vale dizer que só é uma opinião qualquer, porque tudo vem de perspectivas que participam de relações de poder. Estou ejercendo uma nova forma de colonização?
Na verdade, estou passando vergonha publicar esse texto no internet, porque além de ser um tema que penso muito, realmente se pode reduzir isso simplesmente ao producto do sistema educativa norteamericana. Então, é discurso nada mais ou o quê é?
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segunda-feira, 20 de outubro de 2008
O Brasil é Queer
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4 comentários:
Oi Amy,
Acho que você lança na rede um conceito muito pouco conhecido pelas pessoas comuns, pleo menos por aqui. O conceito de queer é muito interessante e acho que você deveria dar uma aula sobre ele ou postar algo que fizesse com que os blognautas pudessem discutir e compartilhar com você. Quem sabe o Alex gosta da idéia? Se a idéia é trazer conceitos de igualdade e de direitos sobre as chamadas "minorias", então acho que vale a pena tentar. Ah. e se lembre, você pode tornar "o discurso" em algo produtivo e harmônico. Não tenha vergonha de manifestar seu pensamento; essa é a idéia central de blogar e, depois, nenhuma ciência se dá sem uma fumegante discussão.
Abraços de Brasília,
Profa. Christiane M.- UnB.
Adorei o seu pesamento. E acordo com você. Muitas vezes, minha mãe, uma texana conservadora (mas legal ainda...), me faz comentários que me fazem lembrar que as coisas daqui são muito mais abertas que algumas coisas nos EUA. Tenho um "tio" brasileiro que se veste como mulher para festas. Ele ganha uma renda fazendo assim. O que pensaria pessoas nos EUA dessa? Com certeza, não seria tão aceito.
Lisa
Li e adorei. Aliás seu português também está nota 1000 parabéns!
Olá!
Gostei muito do blog. Muito interessante.
Sinceramente, não sei se as coisas por aqui são tão abertas assim. Talvez sejam apenas mais abertas que nos EUA, mas não acredito que estejamos num nível bom de respeito às diferenças...
Gostaria de saber mais sobre sobre esse conceito queer..
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